Se a gente percebesse que tudo o que é feito em nome do amor
(e isso não inclui o ciúme e a posse) tem 100% de chance de gerar boas reações
e resultados positivos
Se quem luta por um mundo melhor soubesse que toda revolução
começa por revolucionar antes a si próprio.
Se aqueles que vivem intoxicando sua família e seus amigos
com reclamações fechassem um pouco a boca e abrissem suas cabeças, reconhecendo
que são responsáveis por tudo o que lhes acontece.
Se as diferenças fossem aceitas naturalmente e só nos
defendêssemos contra quem nos faz mal.
Se todas as religiões fossem fiéis a seus preceitos,
enaltecendo apenas o amor e a paz, sem se envolver com as escolhas particulares
de seus devotos.
Se a gente percebesse que tudo o que é feito em nome do amor
(e isso não inclui o ciúme e a posse) tem 100% de chance de gerar boas reações
e resultados positivos.
Se as pessoas fossem seguras o suficiente para tolerar
opiniões contrárias às suas sem precisar agredir e despejar sua raiva.
Se fôssemos mais divertidos para nos vestir e mobiliar nossa
casa, e menos reféns de convencionalismos.
Se não tivéssemos tanto medo da solidão e não fizéssemos
tanta besteira para evitá-la.
Se todos lessem bons livros.
Se as pessoas soubessem que quase sempre vale mais a pena
gastar dinheiro com coisas que não vão para dentro dos armários, como viagens,
filmes e festas para celebrar a vida.
Se valorizássemos o cachorro-quente tanto quanto o caviar.
Se mudássemos o foco e concluíssemos que infelicidade não
existe, o que existe são apenas momentos infelizes.
Se percebêssemos a diferença entre ter uma vida sensacional
e uma vida sensacionalista.
Se acreditássemos que uma pessoa é sempre mais valiosa do
que uma instituição: é a instituição que deve servir a ela, e não o contrário.
Se quem não tem bom humor reconhecesse sua falta e fizesse
dessa busca a mais importante da sua vida.
Se as pessoas não se manifestassem agressivamente contra
tudo só para tentar provar que são inteligentes.
Se em vez de lutar para não envelhecer, lutássemos para não
emburrecer.
Se.
Martha Medeiros
Reli a crônica dia desses no livro: "Feliz por
Nada", último lançamento da escritora.
Beijos, saudades.
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